quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

D.

A minha infância não foi uma das melhores, passei por vários momentos na minha vida, etapas boas e ruins.
Dês dos meus três anos de idade comecei a entender e ver a vida como ela é de verdade. Tenho uma família, mas não posso dizer que sou feliz com ela , pois estaria mentindo.
Tenho 4 irmãos, um deles morreu, ele se chamava A., os outros se
chamam C., A. e D., o Cleiton é meu irmão mais velho, ele é meu irmão só por parte de mãe. Meus pais se chamam L. e S., eles são felizes, mas de vez em quando discutem. Meu pai era praticamente alcoólatra,ele bebia e não conseguia parar até não ver o fim.
Nós moramos em várias cidades, no interior também. Em 2013 eu morava no interior de Barros Cassal, ali estávamos longe dos nossos parentes, era meus irmãos, meus pais e eu. Meu pai nesta época vivia bêbado, tinha dias que nem aparecia em casa, e quando ele aparecia chegava bêbado, brigava e batia na minha mãe, assim eu cresci, vendo, ouvindo, tendo medo e chorando.
Uma época eu cansei de tanto ver meu pai batendo na minha mãe, mas eu não podia fazer nada, me escondia e ficava só escutando. Seguido eles se separavam, mas acabavam sempre voltando, chegou uma época que eu pensei que minha mãe gostava de apanhar, ou ela tinha medo que o pai matasse ela.
Passamos 3 anos no interior, depois fomos para Barros Cassal, lá
piorou tudo, meus pais brigavam todos os finais de semana.
Chegou um tempo que meu pai queria matar os irmãos dele e até a mãe
dele. Minha avó até tentou internar ele, mas não adiantou. O médico
falou que ele estava assim por que guardava raiva, dor, sofrimento,
rancor de quando ele era criança, a minha avó tinha fama de puta e
fazia várias coisas com os homens na casa dela, ela não se importava com os filhos, assim meu pai cresceu vendo e escutando tudo isso, por isso que ele bebe até hoje, para afogar as mágoas. Dizem que ele batia na minha mãe para descontar a raiva que ele sentia.

Depois de alguns meses minha avó foi falar com o meu pai, daí eles decidiram ir para a igreja, o que não adiantou de  nada, acabamos indo morar em Casca. Lá meu pai arrumou encrenca e foi longe demais, ele matou um homem com um 38, acertou 5 balas nele, uma pegou de raspão no meu tio, assim meu tio ficou em coma e o meu pai ficou foragido, ele se apresentou depois de 48 horas, no fórum decidiram que ele ficaria em liberdade até sair a sua condenação.
Depois do acontecido voltamos para Barros Cassal e começamos uma vida nova. Estava tudo indo bem, passaram-se 7 anos e saiu a condenação do meu pai, ele pegou 14 anos de prisão, isso foi a gota d’água para nós.
Assim posso dizer que sou uma menina que já sofreu muito, passei por altos e baixos, mas nunca deixei de olhar para frente. Sei que o meu futuro é estar acima do que eu nunca alcancei, é buscar alcançar os objetivos mais altos e ainda poder dizer que tive uma vida nada fácil, mas lutei muito e não me deixei rebaixar.
Ignorei muitas pessoas que me diziam que eu era bandida como meu pai. Em primeiro lugar quero dizer que meu pai não é bandido, ele pode ser para vocês, mas para mim ele sempre vai ser aquele homem que me ensinou a vencer os obstáculos que vem pela frente, me ensinou a não confiar em ninguém, por que segundo ele, até a nossa sombra nos abandona no escuro. Enfim, recebi várias lições de moral, pretendo guardá-las para o resto da vida.

Hoje posso dizer que sou feliz, mesmo tendo passado por tudo que já passei, estou de pá e assim pretendo ficar.

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